sábado, 3 de dezembro de 2011

O homem é a medida de todas as coisas



Protágoras foi um pensador grego que cunhou essa frase: "O homem é a medida de todas as coisas, das coisas que são, enquanto são, das coisas que não são, enquanto não são." Me chama muito atenção a mesma, pois  me faz pensar em nossos dias. Primeiro gostaria de contextualizá-la na época que foi escrita.
Nosso pensador em questão propunha uma idéia que era contrária a de Sócrates: que toda coisa na terra tem uma representação original e perfeita, buscando um princípio que regesse a vida. Protágoras destaca a relatividade das coisas, já que o homem é a referência, cada homem terá sua concepção de mundo conforme as suas experiências de vida.

Seguindo esse raciocínio: aquilo que é verdade pra mim, não será verdade pra você, pois dependerá do ponto de vista de cada um. Hoje temos muito claro esse relativismo de pensamento, a começar pelas variedades de idéias que surgem todos os dias. A filosofia, a psicologia e as ciências sociais buscam explicar o mundo, cada uma a sua maneira e com abordagens distintas. Mas e a igreja, onde fica nessa história?

São tantos as ideologias pregadas nos púlpitos que fica difícil saber da onde saiu aquilo. Primeiro a formação de muitos pastores é raza, muito pessoal e através de coisas que se ouviu aqui e ali. Fora isso, os tantos outros que tem formação em seminário, ao longo da estrada vão se deixando contaminar por teorias que vão borbulhando por aí. Conheço pastores que a 20 anos atrás tinham um ponto de vista do evangelho e hoje estão na onda profética da prosperidade. Onda que por sinal arrastou muitas igrejas, líderes e rebanhos.

Mas vamos lá. Se convivemos com pontos de vistas diferentes e cada um tem a sua verdade, então não existe uma única verdade? Descartes percebeu que os "costumes", a história de um povo, sua tradição "cultural" influenciam a forma como as pessoas pensam naquilo em que acreditam. Assim buscou uma metodologia que partia do princípio da dúvida, se algo existe tem que haver uma forma de provar. Seu modo de pensar influênciou o método científico e o racionalismo. Segundo Descartes algo não existe por si só, ela tem que ter evidência da sua existência. Se o ar existe, temos que provar, mas como se não o vemos? Quando enchemos uma bexiga e ela se expande, por exemplo.

Agora como saímos do relativismo apregoado por Protágoras e identificado e combatido por Descartes. Como chegar num consenso sobre Deus e sobre e o evangelho de Cristo? É difícil estabelecer um método como Descartes desenvolveu, seria o racionalismo uma forma de responder nossas dúvidas? Acho que não. Uma forma que procuro usar é estabelecer princípios norteadores. Penso que o evangelho está baseado em três valores: amor, graça e justiça.

Amor: Deus amou o mundo e deu seu único filho. Esse amor nos aproxima de Deus, e nos faz retomarmos uma relação que estava interrompida.

Graça: É a condição sem a qual não poderíamos caminhar em direção a Deus, pois somos falhos, e nossos pecados nos manteriam longe de Deus, assim, por causa do sacrifício de Jesus somos sustentados quando nossos pés vacilam.

Justiça: Fomos justificados dos nossos pecados podendo ter vida nova, e se alguém nos causa dolo, Deus julgará em momento oportuno. Se sofremos injustamente, ele, a seu tempo, nos saciará da nossa fome de justiça, como diz no sermão do monte. Só nos pede que usemos os mesmos pesos e as mesmas medidas: se fomos perdoados, também devemos perdoar.

Com esses princípios fica mais fácil sair da subjetividade de cada um. Deixamos de pensar que somos os mais importantes, pois o amor foi a dedicado a todos. Paramos de pensar que estamos sempre certos, pois não há um justo sequer, todos somos passíveis a erros. E começamos a achar que o que fazem contra nós não é pior do que fazemos para os outros. Pois se o perdão nos alcançou, devemos ser gratos a Deus por isso, e devemos estendê-lo aqueles que nos ofenderam. Pois não somos melhores e nem maoires que Deus. E nossos pecados a Deus são muito mais graves do que os pecados dos outros contra nós. Pois Deus é justo e perfeito e nós não.

Esse texto busca trazer uma reflexão de como nos enganamos muitas vezes com frases de efeito e pregações exautadas, que nada mais fazem do que inflar nossos egos, nos fazer achar superiores que os outros (escolhidos), de alimentar a cobiça e a ganância através dos acumulos de bens (teologia da prosperidade). Destacar esses 3 princípios que unandam o novo testamento e que devem nortear a vida de todo aquele que se diz cristão.

Um comentário:

  1. A fundamentação histórica é marca, muito bom.
    sobre o texto,a relativização da verdade ou das doutrinas essenciais que devem nos nortear marcam as igrejas. Líderes sendo vendidos ou se vendendo a teologias que tem como base a famosa frase de Protágoras...
    É bom saber que existem apologistas que defendem a Fé Cristã como realmente é; Estamos juntos nessa Daniel Graco. abraço

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