quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Hipócritas no amor



No post “O abismo chamado hipocrisia“, aqui do APENAS, tratamos em detalhes a questão desse pecado que, em sua raiz etimológica, tem o sentido de “alguém que desempenha um papel”. Ou seja, hipocrisia tem a ver com fingimento, teatralidade, mentira, falsidade. É quando vocé finge ser, sentir ou pensar algo que não condiz com a realidade. Ocorre que, em minhas leituras bíblicas, descobri, inesperadamente, que as Escrituras dão importância, embora muitos não saibam, a um pecado pouco falado que é a hipocrisia no amor.

Quando falamos de amor, é preciso que haja pelo menos dois participantes: o que ama e o que é amado. Isso em qualquer instância: amor entre homem e mulher, pai e filho, Deus e o homem. Então, se as Escrituras nos advertem sobre hipocrisia no amor, isso significa que há a possibilidade de ou o ser que demonstra amor ou o ser que recebe esse amor não estar sendo 100% sincero na realização desse sentimento. Foi quando me deparei com Romanos 12.9, onde Paulo, num contexto que fala sobre a racionalidade do cristão, ordena: “O amor seja sem hipocrisia”.
Nunca tinha reparado com atenção nessa ordenança: “O amor seja sem hipocrisia”.
E o apóstolo do Senhor é tão rigoroso nessa questão que compara o amor hipócrita a um mal que deve ser “detestado”. Tanto que a sequência do versículo estabelece: “Detestai o mal, apegando-vos ao bem”. Ou seja, aos olhos do apóstolo que, cremos, falou inspirado pelo Espirito Santo, fingimento numa relação amorosa é algo definitivamente detestável aos olhos do Senhor.


Fato é que muitos de nós vivem suas vidas amorosas de forma bastante hipócrita. E nao estou falando de adultério, mas de hipocrisia numa relação legítima. E isso em diversos âmbitos. Tive uma colega de trabalho que mentia ao marido sobre quanto dinheiro gastava por mês. Já aconselhei na igreja pessoas que simulavam orgasmos para agradar o cônjuge em vidas sexuais frustradas. Sei de casos de cristãos que mantém relações íntimas com seus cônjuges imaginando estar com outras pessoas. Conheço jovens moças de igreja que namoram rapazes só porque eles têm dinheiro, carro do ano e lhes oferecem outras vantagens materiais. Existem casais cristãos que vivem juntos sem expor com sinceridade plena aquilo que sentem e pensam. E há, até, quem se case sem amor porque… bem, para ser honesto, nem sei por quê.


“O amor seja sem hipocrisia” é mandamento do Senhor. Seja em que âmbito for. Não ame a Deus com subterfúgios. Não finja que ama quem não ama para que isso te gere benefícios financeiros. “O amor seja sem hipocrisia” significa, na prática, que o amor deve ser sem fingimentos. Deve ser franco. Transparente em todos os sentidos. Se houver problemas, que se busque o diálogo aberto e a oração. A tônica da sinceridade em um relacionamento amoroso segundo os padrões de Cristo é:  ”Amado meu, o que o ocorre é isso, isso e isso. Vamos trabalhar juntos para que não haja nenhum fingimento em nossa relação?”. Caso contrário, se você persistir na teatralidade, estará persistindo naquilo que Deus detesta. É o que tenho tentado viver em plenitude na minha vida depois que esse trecho da Bíblia caiu na minha cabeça como uma bigorna. “O amor seja sem hipocrisia”. Uau. Que mandamento.

Geralmente, quando pensamos em algo detestável aos olhos de Deus no âmbito da relação a dois entre homem e mulher, só o que nos vem à cabeça é o sexo fora do casamento e a traição. Será? Pois, se eu ou você trazemos a hipocrisia para dentro de uma relação de amor, diz Paulo, também estamos fazendo algo que, assim como todos os demais deslizes relativos a essa área de nossa vida, é biblicamente detestável.
Adultério, fornicação ou hipocrisia no amor… será mesmo que algum desses pecados é pior do que o outro?

Paz a todos vocês que estão em Cristo.

Extraído do Blog Apenas1
http://apenas1.wordpress.com/
Escrito por Maurício Zágari

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Amor platônico e o namoro cristão



Essses dias assisti uma entrevista da Sara Sheevah na Rede TV que falava do culto das princesas. Entre outras coisas Sarah falou de sua conversão e confessou que sua vida sexual antes da conversão era bem complicada. Ela é conhecida por fazer o culto das princesas, um tipo de reunião só de mulheres onde dá conselhos sentimentais e comportamentais.

Gostaria de falar do segundo ítem: comportamento. A pastora em questão condena as atitudes de moças e mulheres que adotam atitudes e se utilizam de roupas que depreciam sua imagem, fazendo-as parecer como mulheres fáceis. Ela se utiliza do termo cachorra e outros onde a mulher é vista como objeto sexual e não um indivíduo com sentimentos e ambições.

É visível nos nossos dias que a moda e a publicidade impõem padrões de beleza e vestimenta inadequados, com roupas extravagantes e extremamente sensuais. As mulheres que tentam seguir o padrão de beleza das revistas tem uma tarefa ingrata, pois se frustram com a magreza das modelos e se vestem como se estivessem embrulhadas para presente, um presente erótico. Não critico aqui a valorização da beleza da mulher e sim a degradação da mesma, quando transformada em mercadoria. Onde não se observa o estilo pessoal, seu gosto, valores e religião. Se impõe um padrão que todos devem seguir cegamente.

Além da apresentação pessoal outra crítica é a de se ter muitos relacionamentos e sem profundidade, fica-se com um hoje, outro amanhã e assim vai. Não se conhece ninguém pra valer e não se investe na relação. Isso é prejudicial pra qualquer um que aspira ter uma relação estável.

Agora gostaria de falar do que chamo de relação afetiva platônica. Temos a tendência de idealizar. Queremos um emprego assim, um carro assado, um namorado (a) desse jeito... e assim vai. Sabemos que muitas vezes nos apaixonamos por alguém que não necessariamente tem todas as característica idealizadas. Somos traídos pelo coração. Com a convivência percebemos que a pessoa tem seus defeitos e suas virtudes não são tantas assim. Ficamos frustrados e pensamos se ela é realmente a pessoa certa.

Sarah Sheeva dá dicas para não se envolver fisicamente antes de conhecer bem a pessoa. Deve-se buscar uma comunhão de alma, buscar afinidades, saber se as características de cada um se somam. Bons conselhos. Mas me chama a atenção essa coisa de príncipe e princesa. Esse título tira qualquer um de uma condição comum. O que já nos leva a pensar em pessoas especiais. E me preocupa essa distinção, pois por mais benéfica que ela parece, estamos discriminando pessoas. Essa classificação não pode se basear apenas em condição sócio-econômica. Senão só os bem-sucedidos se casariam. Ela deve incorporar valores morais e princípios cristãos que devem ser compartilhados por ambos.

Acredito que não há relação sem conflito... e não há ser humano perfeito, assim qualquer pretendente terá prós e contras. Fora a paixão inicial temos que ter outras condições que nos façam permanecer com a pessoa: ter princípios similares, afinidades, nível sócio-cultural próximo e principalmente: a mesma fé. Isso não garante a estabilidade da relação, mas ajuda a evitar conflitos demasiados. Acredito que o amor e perdão vão andar sempre juntos numa relação. E que ambos vão precisar ter tolerância e paciência, pois ambos estão em constante transformação, pois Cristo trabalha a cada dia em nosso ser.

Nos casamos com pessoas de carne e osso. Paixões idealizadas são muito boas para venderem revistas, livros, novelas e filmes. Mas quem convive diariamente com o parceiro é você, e só você sabe o quanto é boa essa caminhada e o quanto ela lhe custa. Pois assim como temos um ombro amigo para nos apoiar, também temos alguém para cuidar quando esse alguém precisar. É um caminho de mão dupla.

sábado, 3 de dezembro de 2011

O homem é a medida de todas as coisas



Protágoras foi um pensador grego que cunhou essa frase: "O homem é a medida de todas as coisas, das coisas que são, enquanto são, das coisas que não são, enquanto não são." Me chama muito atenção a mesma, pois  me faz pensar em nossos dias. Primeiro gostaria de contextualizá-la na época que foi escrita.
Nosso pensador em questão propunha uma idéia que era contrária a de Sócrates: que toda coisa na terra tem uma representação original e perfeita, buscando um princípio que regesse a vida. Protágoras destaca a relatividade das coisas, já que o homem é a referência, cada homem terá sua concepção de mundo conforme as suas experiências de vida.

Seguindo esse raciocínio: aquilo que é verdade pra mim, não será verdade pra você, pois dependerá do ponto de vista de cada um. Hoje temos muito claro esse relativismo de pensamento, a começar pelas variedades de idéias que surgem todos os dias. A filosofia, a psicologia e as ciências sociais buscam explicar o mundo, cada uma a sua maneira e com abordagens distintas. Mas e a igreja, onde fica nessa história?

São tantos as ideologias pregadas nos púlpitos que fica difícil saber da onde saiu aquilo. Primeiro a formação de muitos pastores é raza, muito pessoal e através de coisas que se ouviu aqui e ali. Fora isso, os tantos outros que tem formação em seminário, ao longo da estrada vão se deixando contaminar por teorias que vão borbulhando por aí. Conheço pastores que a 20 anos atrás tinham um ponto de vista do evangelho e hoje estão na onda profética da prosperidade. Onda que por sinal arrastou muitas igrejas, líderes e rebanhos.

Mas vamos lá. Se convivemos com pontos de vistas diferentes e cada um tem a sua verdade, então não existe uma única verdade? Descartes percebeu que os "costumes", a história de um povo, sua tradição "cultural" influenciam a forma como as pessoas pensam naquilo em que acreditam. Assim buscou uma metodologia que partia do princípio da dúvida, se algo existe tem que haver uma forma de provar. Seu modo de pensar influênciou o método científico e o racionalismo. Segundo Descartes algo não existe por si só, ela tem que ter evidência da sua existência. Se o ar existe, temos que provar, mas como se não o vemos? Quando enchemos uma bexiga e ela se expande, por exemplo.

Agora como saímos do relativismo apregoado por Protágoras e identificado e combatido por Descartes. Como chegar num consenso sobre Deus e sobre e o evangelho de Cristo? É difícil estabelecer um método como Descartes desenvolveu, seria o racionalismo uma forma de responder nossas dúvidas? Acho que não. Uma forma que procuro usar é estabelecer princípios norteadores. Penso que o evangelho está baseado em três valores: amor, graça e justiça.

Amor: Deus amou o mundo e deu seu único filho. Esse amor nos aproxima de Deus, e nos faz retomarmos uma relação que estava interrompida.

Graça: É a condição sem a qual não poderíamos caminhar em direção a Deus, pois somos falhos, e nossos pecados nos manteriam longe de Deus, assim, por causa do sacrifício de Jesus somos sustentados quando nossos pés vacilam.

Justiça: Fomos justificados dos nossos pecados podendo ter vida nova, e se alguém nos causa dolo, Deus julgará em momento oportuno. Se sofremos injustamente, ele, a seu tempo, nos saciará da nossa fome de justiça, como diz no sermão do monte. Só nos pede que usemos os mesmos pesos e as mesmas medidas: se fomos perdoados, também devemos perdoar.

Com esses princípios fica mais fácil sair da subjetividade de cada um. Deixamos de pensar que somos os mais importantes, pois o amor foi a dedicado a todos. Paramos de pensar que estamos sempre certos, pois não há um justo sequer, todos somos passíveis a erros. E começamos a achar que o que fazem contra nós não é pior do que fazemos para os outros. Pois se o perdão nos alcançou, devemos ser gratos a Deus por isso, e devemos estendê-lo aqueles que nos ofenderam. Pois não somos melhores e nem maoires que Deus. E nossos pecados a Deus são muito mais graves do que os pecados dos outros contra nós. Pois Deus é justo e perfeito e nós não.

Esse texto busca trazer uma reflexão de como nos enganamos muitas vezes com frases de efeito e pregações exautadas, que nada mais fazem do que inflar nossos egos, nos fazer achar superiores que os outros (escolhidos), de alimentar a cobiça e a ganância através dos acumulos de bens (teologia da prosperidade). Destacar esses 3 princípios que unandam o novo testamento e que devem nortear a vida de todo aquele que se diz cristão.