segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Se a vida fosse como no twitter, o que vc colocaria no seu perfil para o diabo saber quem vc é?



O Cristianismo passou por muitas transformações desde o seu surgimento. Da igreja primitiva, a dispersão pelos povos antigos, a constituição da igreja católica, a cisão que gerou a igreja ortodoxa. O movimento protestante, o pentecostalismo e o neo-pentecostalismo. Isso resultou nos nossos dias uma série de denominações e comunidades cristãs. Umas com maior organização e estrutura hierarquizada, outras vivem com mais simplicidade e num ambiente fraterno e igualitário.

Veja bem que isso é uma simplificação de toda a multiplicidade de estruturas e organizações religiosas que existem hoje em nome de Cristo e uma variedade vasta de doutrinas e ritos religiosos denominados cristãos. Não vou entrar no mérito da questão doutrinária, no que concerne a dizer que tal movimento está mais próximo do evangelho da verdade ou aquele outro se distanciou. Não faço aqui um tipo de carta Paulina com fins doutrinários. Mas gostaria de tratar daquilo que identifica um cristão na sua essência.

Em Atos, capítulo 13, versículos 13-16 um espírito maligno faz uma pergunta: “Eu conheço Jesus, e conheço Paulo. Mas vocês, quem são?” Muitos conhecem essa passagem, quando um grupo de judeus, filhos de um líder da sinagoga tentam espulsar demônios "em nome de Jesus, a qual Paulo prega". O desfecho foi assustador, os 7 levaram uma surra do endemoninhado e fugiram nus e muito feridos. É justamente essa pergunta que gostaria que fosse feita a nós: Vocês, quem são?

Alguns de nós talvez gagejem, falem o seu nome, o nome de seu pai, o nome do pastor, da igreja que congregam, sua profissão ou onde estudam. Mas será que isso bastaria para que o endemoninhado nos respeitasse e fujsse de nós? Acho que não. Aqueles escomungadores judeus aprenderam uma lição de forma dura: não podem apenas falar em nome de Jesus, tem que ter vínculo com ele, ou estar debaixo de sua autoridade. Alguém que não conhece Jesus como Salvador, não pode fazer uso de seu nome para expulsar demônios, pois essa autoridade foi dada a seus discípulos (seus seguidores).

Outra coisa, não basta ser de família religiosa, aqueles 7 o eram e isso não os livrou da surra e da vergonha. O fato de nascermos em lar cristão não nos faz automaticamente cristãos, temos que reconhecer o senhorio de Cristo e fazer sua vontade. Digo isso, pois muitos acham que nascendo em lar cristão já estão salvos, independente de suas ações. Lembro que a salvação é individual e que ninguém pode nos dá-la ou emprestá-la. Falo isso, com pesar no coração, pois como pai gostaria que meus filhos estivessem com passe livre para o céu, mas isso dependerá deles e de meu testemunho como cristão.

Então? Qual qualidade ou característica nos qualificaria para nos identificarmos com Jesus, assim como Paulo o foi? Em 1o. João 2 : 3-6, temos assim:

Sabemos que o conhecemos, se obedecemos aos seus mandamentos.
Aquele que diz: "Eu o conheço", mas não obedece aos seus mandamentos, é mentiroso, e a verdade não está nele.
Mas, se alguém obedece à sua palavra, neste verdadeiramente o amor de Deus* está aperfeiçoado. Desta forma sabemos que estamos nele:
aquele que afirma que permanece nele, deve andar como ele andou.

Andar como ele andou... Se eu fosse contratado para fazer o perfil de Jesus, destacaria essas características: paciente, conciliador, manso, amigo, honesto, verdadeiro, justo, amoroso, santo e humilde. Lendo os evangelhos é fácil tirar atitudes que refletem essas qualidades. Uma vez ele livrou uma adúltera de ser apedrejada (justo), outra vez lavou os pés dos díscipulos (humilde), outra deixou um de seus discípulos dormir no seu peito (amoroso), outra chorou pela morte de uma pessoa querida (amigo), deixou-se ser preso sem relutar (manso). E por aí vai. Deixo aqui uma pergunta: Qual dessas características você pode associar ao seu perfil?

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Carta a Diogneto - Marcas dos cristãos primitivos


Escrita cerca do ano 120 d.C. foi encomendada por um pagão culto que queria saber mais sobre os cristãos.



Exórdio


1. Excelentíssimo Diogneto, vejo que te interessas em aprender a religião
dos cristãos e que, muito sábia e cuidadosamente, te informaste sobre eles:

Qual é esse Deus no qual confiam e como o veneram, para que todos eles
desdenhem o mundo, desprezem a morte, e não considerem os deuses que os
gregos reconhecem, nem  observem a crença dos judeus; que tipo de amor é
esse que eles têm uns para com os outros; e,

finalmente, por que essa nova
estirpe ou gênero de vida  apareceu agora e não antes. Aprovo esse teu desejo e peço a Deus, o qual preside tanto o nosso falar como o nosso
ouvir, que me conceda dizer de tal modo que, ao escutar, te tornes melhor;
e assim, ao escutares, não se arrependa aquele que falou.


[...]

Os cristãos não se distinguem dos demais homens, nem pela terra, nem pela
língua,  nem pelos costumes. Nem, em  parte alguma, habitam cidades
peculiares, nem usam alguma língua distinta, nem vivem uma vida de natureza
singular.

Nem uma doutrina desta natureza deve a sua descoberta à invenção

ou conjectura de homens de espírito irrequieto, nem defendem, como alguns,
uma doutrina humana.

Habitando cidades Gregas e Bárbaras, conforme coube em

sorte a cada um, e seguindo os usos e costumes das regiões, no vestuário,
no  regime alimentar e no resto  da vida, revelam unanimemente  uma
maravilhosa e paradoxal constituição no seu regime de vida político-social.

Habitam pátrias próprias, mas  como peregrinos: participam de tudo, como
cidadãos, e tudo sofrem como estrangeiros. Toda a terra estrangeira é para
eles uma pátria e toda a pátria uma terra estrangeira.

Casam como todos e
geram filhos, mas não abandonam à violência os recém-nascidos. Servem-se da mesma mesa, mas não do mesmo leito. Encontram-se na carne, mas não vivem
segundo a carne. Moram na terra e são regidos pelo céu.

Obedecem às leis
estabelecidas e superam as  leis com as próprias vidas. Amam todos e por
todos são perseguidos. Não são reconhecidos, mas são condenados à morte;
são condenados à morte e ganham a vida.

São pobres, mas enriquecem muita
gente; de tudo carecem, mas em tudo abundam. São desonrados, e nas desonras são  glorificados;  injuriados,  são também justificados.  Insultados, bendizem; ultrajados, prestam as devidas honras.

Fazendo o bem, são punidos
como  maus; fustigados, alegram-se,  como se recebessem a vida. São
hostilizados pelos Judeus como estrangeiros; são perseguidos pelos Gregos,
e os que os odeiam não sabem dizer a causa do ódio.

Numa palavra, o que a
alma é no corpo, isso são os cristãos no mundo. A alma está em todos os membros do corpo e os cristãos em todas as cidades do mundo. A alma habita
no corpo, não é, contudo, do  corpo; também os cristãos, se habitam no
mundo, não são do mundo.

A alma invisível vela no corpo visível; Também os
cristãos sabe-se que estão  neste mundo, mas a sua religião permanece
invisível. A carne odeia a alma, e, apesar de não a ter ofendido em nada,
faz-lhe guerra, só porque se lhe opõe a que se entregue aos prazeres; da
mesma forma, o mundo odeia os cristãos que não lhe fazem nenhum mal, porque
se opõem aos seus prazeres.

A alma ama a carne, que a odeia, e os seus

membros; Também os cristãos amam os que os odeiam. A alma está encerrada no
corpo, é todavia ela que sustém o corpo; Também os cristãos se encontram
retidos no mundo como em cárcere, mas são eles que sustêm o mundo. A alma
imortal habita numa tenda  mortal;

Também os cristãos habitam em tendas

mortais, esperando a incorrupção nos céus. Provada pela fome e pela sede, a
alma vai-se melhorando; também os cristãos, fustigados dia-a-dia, mais se
vão multiplicando. Deus pô-los numa tal situação, que lhes não é permitido
evadir-se.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Obesidade Gospel




Tem uma promessa aos israelitas que falava que eles comeriam as gorduras da terra. Uma referência a fartura que teriam se obedecessem os mandamentos de Deus. Essa abundância de alimentos, não foi uma constante dentro os hebreus, já que houve muitas idas e vindas, o que quer dizer, que nem sempre eles eram fiéis a lei deixada por Moisés.


Houve períodos de expansão, principalmente com Davi e Salomão, mas se lembrarmos bem, eles ficaram 400 anos escravos no Egito, foram exilados na Babilônia, e após a morte de Cristo, eles foram dispersados pelo mundo (diáspora) e demorou mais de 1900 anos para eles voltarem para sua terra.

Os cristãos de hoje buscam referências nos judeus, principalmente no que diz respeito a promessas e privilégios, frases como povo santo, nação eleita são gritadas aos quatro ventos pelos seus líderes. Muitos requerem o domínio da terra para si e para os seus, buscam legitimar seus atos conquistadores e agressivos para acumular bens. Tudo isso, em nome do “comereis as gorduras da terra”.

Esquecem que comer gordura, engorda. É colesterol alto, diabetes e triglecérides. Problemas no coração por causa de artérias entupidas e por aí vai. Assim como nosso corpo fica doente com excesso de gordura, nossa alma também fica doente com o excesso de coisas que consumimos. Não são necessariamente comida. São objetos, aparelhos eletrônicos, como celulares, tablets, notebooks, etc. São carros, motos, roupas, perfumes e óculos escuros. Tudo isso inflama nossa alma, fazendo que nos achemos auto-suficientes e superiores aos outros.

Nos países que tiveram uma ascensão econômica associada ao movimento protestante, as gerações que se seguiram se afastaram de Deus. Caso da Europa e Estados Unidos. Inclusive nos Estados Unidos, onde tem uma grande colônia judia, foi onde os judeus estão se afastando mais de sua religião e se tornando ateus ou budistas. O que devia levar a gratidão a Deus leva a sua negação.

Aqui no Brasil, as igrejas tentam associar o crescimento econômico do país, a promessa feita aos judeus. Assim se dizem agraciados por Deus por conquistarem tantos bens de consumo. Quando vem a crise, é culpa do diabo, ou o irmão está em pecado, daí começa a sessão de “descarrego”, rompimento de maldições hereditárias e outras invencionices.

A gordura da terra contamina a alma, ficamos vaidosos, arrogantes, egocêntricos e soberbos. Nossos filhos vêem em nós homens presunçosos e se tornam presunçosos também. Aos poucos, deixam de ver Deus como uma “muleta” para o sucesso, e começam achar que eles mesmo fazem seu futuro. Daí começa o distanciamento de Deus e começa o namoro com o mundo, e é uma aliança difícil de romper. Não esqueçamos que tudo é dom de Deus, e quem segue a Deus por dinheiro, seguirá ao diabo por um salário melhor.